3.5.06

DURA MINHA NADA VIDA DE POPSTAR

Marcelino Rodriguez
Parece que nasci mesmo para escrever; não tem jeito. O fato é que graças ao laborioso trabalho de anos e a divulgação dos meus textos no Blog e em alguns sites tornaram-me, a despeito da minha despretensão, uma celebridade virtual. Um pouco mais de esforço e o Garcia Marques perto de mim vai ser um papagaio de pirata. Basta clicar meu nome em qualquer busca e la´estou eu rastreado tão facilmente como qualquer popstar, mas sem os capangas que esses tem para se defender. Já ocorreu-me até um caso em que eu me manifestava e ninguém acreditava que eu era eu, como já se passou com outros famosos. Eu disse num Chat que jamais casaria com uma mulher que não soubesse cozinhar e que os talentos domésticos deveriam ser ensinado na mais tenra infância as meninas. Machista e "sem noção" foram as mínimas coisas das quais me xingaram , além de que ninguém acreditava que um escritor pudesse falar isso. Que é preciso ensinar as jovens lavar, passar, cozinhar, cuidar da casa, assim como ensinar aos meninos as diversas artes da sobrevivência e da civilidade.
Dito isso, qualquer opinião que expresso ou mesmo uma simples corrente que eu passe adiante torna-se, com toda razão, motivo de questionamento, como se eu fosse uma espécie de presidente da república não reconhecido e não remunerado, mas cuja opinião é motivo, quando aparentemente erro na "boa intenção" alvo de ameaças veladas, ironia mordaz e pedido de retratação imediata sobre pena de perder imediatamente a credibilidade.
Nada fácil ser um popstar, sobretudo virtual. Mas a gente também se diverte.
Uma amiga do Mato Grosso pede que eu explique ter repassado uma corrente que sugeria de forma hilária que os bons músicos morrem tragicamente , citando os que morreram de Aids, Overdoses e acidentes automobilísticos, enquanto outros de axé, pagode e tais gozam de perfeita saúde e crescem como capim no gosto da plebe ignara. Fiquei suando calafrios quando outra pessoa sugeriu que havia um certo "teor racista" na corrente que chamava o nego de negão.
Um perigo.
O humor mais sofisticado está morto.
Temos que ser didáticos a todo momento. Nos policiarmos.
Por isso interrompi aqui minha leitura de Isabel Allende, que vive nas montanhas do primeiro mundo e , segundo ela, não sente a mínima vontade de voltar para o terceiro, para responder a minha amiga querida que questiona que não existe "o bom gosto", existe gosto e pronto. Como se uma pessoa que nunca comeu bacalhau pudesse opinar sobre o gosto do mesmo, ainda tirando uma onda dizendo que ovo é melhor. Mexeu nos meus brios intelectuais e no pouco caráter que me resta, porque tenho que adaptar-me ao gosto moderno, entre os quais se tem o caráter como desnecessário e os medíocres desfilam em limusines e ditam regras, leis e comportamento.
Nessa questão eu tenho mesmo opinião.
Existe o mau-gosto.
O mau gosto não é uma questão de escolhas, mas de comportamento.
È como a sujeira nas ruas.
A opção está nas mãos do cidadão.
O caso é que um cidadão que escuta "Vitrines" de Chico Buarque, por exemplo, não vai jogar a casca de banana na rua; já o que escuta "Baba Baby, Baba" vai jogar, é quase certo. Podem acreditar. É uma questão de afinidade.
Enfim, como popstar virtual, opino também que o gosto é uma questão de saber ou poder escolher entre bacalhau e ovo.
Mas vivemos aqui no fim do mundo, na ditadura da fritada. Enfim, estamos fritos.
Vou voltar para meu "País Inventado", vou voltar para Isabel. Explicar fritada é dose.
02/05/2006

2 comentários:

Anônimo disse...

Testando. M

Anônimo disse...

Alguém disse que as leis de direitos autorais impedem a criatividade. Traçando um paralelo eu diria que, o excesso de leis politicamente e socialmente corretas, impedem a palavra de nascer.
Ainda bem que, pelo menos entre amigos, ainda podemos utilizar expressões como negão, quatro-olho, olívia palito, branquela, lesadinha e outros adjetivos carinhosos.
A propósito: sou quatro-olho, lesadinha e transparente para meus amigos e não me incomodo nem um pouco.
Beijinhos carinhosos
Elida Kronig / ADILE*RJ