15.5.07

UM BRASILEIRO INTERESSANTE

OSCAR NIEMAYER, UM BRASILEIRO INTERESSANTE

Marcelino Rodriguez

Eu havia escrito uma crônica sobre o INRI Cristo que acabei perdendo sabe-se lá por qual providência; nela eu dizia, entre outras coisas, que ele era uma das poucas pessoas interessantes do Brasil. Inclusive, numa conversa que tivemos, achamos que o próprio número de salvos segundo a Bíblia são alguns milhares, o que já acho muito. Não confio em gente. Ando misantropo e arredio. Rezo apenas pelas pessoas de boa vontade, uns dois por cento da espécie humana, e o resto por mim pode ir tranqüilamente pro inferno. Deus devera estar providenciando um anexo. Outro dia três meninos com menos de onze anos estavam dormindo em frente a uma loja de roupas. Eles querem ajuda, claro; se quisessem morrer , não iriam cair onde houvesse tanto movimento. Entrei na loja e tentei fazer com que as vendedores e a gerente se dignassem a ligar pro conselho tutelar, alegando que eram criança, menores, mas a prostitutazinha do mercado babilônico dizia que o telefone dali só recebia, fez pouco caso e em nenhum momento mostrava um pingo de compaixão pelos três meninos. Com pouco mais de quinze e já é completamente imprestável. Que linda juventude! ...Fico vendo as entrevistas dos programas dominicais e numa delas O Oscar Niemayer dizia que nada é importante, fora tentar melhorar o mundo de bosta. Que a vida nada mais é que um sopro, e passa rápido. E contou emocionado de um garoto que ele ajudou tirar da rua e que um dia ligou pra saber da saúde dele.Tá ai, acho que Niemayer não cabe no inferno. Com 100 anos, é jovem e lúcido.

DIREITOS RESERVADOS

4.5.07

A ESTÉTICA PESSOAL

A ESTÉTICA PESSOAL

Marcelino Rodriguez


Viver é uma missão, uma aventura e uma imensa responsabilidade que as pessoas no mundo moderno pouco se importam com a estética pessoal, o autoaperfeiçoamento. As pessoas se exigem muito pouco hoje em dia. O cuidado nas maneiras, nas palavras, parece uma arte perdida no fundo do tempo. No entanto, esculpir nosso próprio ser a máxima perfeição possível não seria uma obrigação? Sim, muitos se acomodam dizendo que a perfeição” não existe”, mas existe um esforço a ser feito para que nos tornemos melhores, o próprio curso da vida nos obriga a sermos mais responsáveis. Quando Cristo disse “Sedes perfeitos como vosso pai do céu é perfeito” – e que quem o amasse de fato seguiria suas palavras - ele foi claro e objetivo. Existe algo a ser feito em nosso ser. Não estamos aqui na vida apenas para desfrutes sensuais. Estamos cercados de eventos e circunstâncias que pedem nossa contribuição. Ninguém é verdadeiramente interessante sem ser interessante, nem chegará num mérito no mundo espiritual sem esforço. Esforço em corrigir nossas debilidades; esforço em tornar a fala e os gestos mais graciosos; esforço em pensarmos mais em conhecimento e beleza; para sermos realmente dignos de sermos chamados de filhos de Deus, temos que ser dignos de pisar sobre a terra e caminhar sob as estrelas. Anda esquecido de muitos dada a ferocidade dos tempos, a arte da cortesia. No entanto, sem ela somos indignos de mérito humano. Ninguém chegará a gozar certos deleites na espiritualidade senão fizer uma reforma em si mesmo e não se comprometer a entregar ao criador uma obra nossa, talhada com nosso próprio esforço. Criamos o mundo com Deus. Sejamos dignos disso. A estética pessoal faz parte da nossa matéria a ser aperfeiçoada na terra.

Trecho do livro Bonecos de Deus

2.5.07

DEUS ESTÁ NO OUTRO

DEUS ESTÁ NO OUTRO

Marcelino Rodriguez



A maior armadilha e maior cegueira que pesa sobre a humanidade é o egocentrismo, a ilusão do eu e a vaidade pessoal. Don Giussani, padre genial do catolicismo e fundador do movimento comunhão e libertação pregou isso e estabeleceu um novo carisma na Igreja Católica. Só existimos em interação. Nenhum homem é uma ilha. São verdades que todos nós sabemos, mas pouco praticamos. Vivemos como nunca talvez na história humana os valores cegos do sexismo e do individualismo, numa sociedade descartável e fria. No entato, se nos perguntarmos “o que estou fazendo aqui”? Ou “como posso resolver minha situação”? Vamos sempre perceber que sozinhos, nada podemos. Seja profissionalmente, seja afetivamente, seja socialmente todo sonho nosso de encontro vai estar no outro, que é como Deus pode revelar-se de maneira mais inteligível, através do próximo. Então, por que não orientarmos os padrões afetivos para dar o melhor de si ao outro? Quem quer que tenha Deus honestamente em sua vida, que já possua uma vida interior, que é a verdadeira vida, uma vez que quando queremos buscar nos outros apenas aspectos exteriores e vantagens materiais não os vemos mesmo na sua singularidade e valores humanos, fazendo com o próximo apenas “contratos físicos” perdemos sem dúvida o mais precioso, a “essência”. Quando Cristo disse “Onde dois ou mais estiverem em meu nome” ali estarei, ele quis dizer estarem juntos não exteriormente apenas, mas em sentimentos, em respeito, em amor e reverência pelo encontro. A maioria das pessoas que sofrem de depressão são pessoas egoístas, que nada querem dar de si. Nunca ouvimos dizer que uma pessoa que dedique sua vida em prol de seus semelhantes estivesse deprimida. Se Deus está no outro, que é onde vem a revelação da nossa vida e destino, porque tanto egoísmo? Tanta cegueira? Muito simples, ignorância. Quanto mais egoísmo, mais vaidade, mais ignorância. E quem vê seu próximo apenas como coadjuvante de sua vida, perde a grande oportunidade do encontro. Egoísmos não se enxergam, nem se relacionam,apenas se esbarram. Somente quando abrimos mão do egoísmo primitivo e vemos o outro em sua singularidade humana, deixamos de ser egos cegos e passamos a ser indivíduos.

Direitos Reservados.

26.4.07

Cronica do Bob

O MENINO DE SUA MÃE, CRONICA DO BOB

Marcelino Rodriguez



Sempre acreditei que uma imagem vale mais que mil palavras, embora as ironias do mundo me fizesse um homem de palavras. Mas são sempre as imagens que me comovem. Já me disseram (e dói-me lembrar quem) que sou como o garotinho do desenho animado, o Bob. Aquele que imagina tudo que falam pra ele. Foi o apodo mais perfeito que já tive , acho. E dos mais carinhosos.
Lembro-me que ela dizia pra eu amarrar uma cordinha no pé pra não sair voando.
Claro, a terra anda rasteira. E parece que sou o último leitor do “Pequeno Príncipe” e outros livros desse nível sentimental. Sou capaz de ver as presas por trás de sorrisos e olhares. Estranho mundo. Mas acho que os anjos se divertem com minha ingenuidade.
O caso é que quando lembro do Bob, lembro dela.
Ela inventou o Bob pra mim, e em dias de malcriação eu e chamava de mamãe. Quantos séculos de solidão passamos nesse breve mundo, até que descubram nosso coração.
E de vez em quando ao ver uns cabelos compridos e um corpo esguio , o coração dá um pulo. Seria a mamãe?
Bem, o caso é que sou mesmo o Bob.
Mas acho que pensam que sou um intelectual de primeira categoria, ou um perfeito Nerd. Ou quem sabe ainda um enganador estelionatário. Tem lugares até que revistam minhas bolsas, como se eu fosse o Bin Laden. Os bancos tem medo de mim.
Neném, mamãe, dá pra explicar que sou apenas o Bob?

26.04.2007

Direitos Reservados

16.4.07

A MADRUGADA A MINHA ESPERA

MADRUGADA À MINHA ESPERA, MEU REFÚFIO, MEU REGRESSO
Marcelino Rodriguez

Um leitor me pergunta, entre outras coisas, porque divido meus pensamentos. Eu poderia dar mil respostas prontas e óbvias. Mas não darei. Fez-me pensar no assunto, agora que já sei que vou ter mais uma deliciosa insônia pela frente. Terei tempo. Tenho visto o dia amanhecer muitas vezes. Tenho desligado o PC num minuto e ligado no outro. Tenho sentido de perto o perigo da fronteira, ou das fronteiras. Como dizia Neruda: “Tudo em ti foi naufrágio”. Meu caro! Deus é minha ferida. Ele vem a minha janela, entra pelo vento, acarinha-me mortalmente. O mar? Sabe, o mar me conta segredos, as flores me sorriem. Um poema leva-me ao infinito. Posso dizer, sem exagerar, que tenho o universo na ponta dos dedos. Mas Deus dói, sobretudo se é estrangeiro. E Deus é estrangeiro nesse mundo. Pergunte aos homens... E assim ficamos os dois exilados. Fora isso, tem a noite larga que não me deixa dormir, excesso de café ou de solidão talvez. Eu não queria dizer... talvez seja medo. Mas nem tudo posso contar... Eu vi o naufrágio... Cai no mar e agora nado. Nado. Nado. Nado. Minhas crônicas são minha defesa, minhas guarrafinhas... as baladinhas românticas todas me comovem, e a responsabilidade pelo mundo do crucificado pesa-me nos ombros. Sei que perdi, sei que me perdi e sei que posso perder. A qualquer momento posso receber o golpe fatal. Mas estarei valente. Isso eu devo a mim. Além do mais a noite longa gosta de uma conversa, senão me deixaria dormir. Se soubesses do silêncio... pensa num barco solitário, ele vai vai vai de mansinho nas águas com a lua por cima. Tudo em volta é de azul veludo. Tudo em volta é eterno. Eu sou esse barco. Eu sou aquela lágrima. A metáfora. O filme. O delírio. A marcha patriótica que nunca fui.... Sobretudo eu vi o amor abandonado. Eu sou o amor que ficou. Entendes? Escrevo para construir na destruição. O menino do Império do Sol, não esqueço dele tentando um acordo com os inimigos... Sabe, gosto dos anjos. Angel. Angeles de cabelos dourados me sussurram... olho ao lado, não é ninguém. Será impressão ou milagre? Ela me sorriu muitas vezes e tudo estava explicado... não podia ser mentira... aquele livro que sonhei talvez nunca venha a escrever.... cheguei a pensar a capa... Bem, meu caro! Na verdade escrevo para resistir. È uma guerra. Se eu ficar na cama olhando o teto, ele cai. Percebe? Meu peito é violento. Acho que sou carente e gosto de chocolate quente. Já vi aquele filme Meu Primeiro Amor umas três vezes. Você conhece? Sabe aquela coisa que sempre quiseste saber e quase, quase, quase? Escrevo por isso, por esse quase, quase sempre. Eu sou esse quase. Ou um excesso de misericórdia. Ou amor, simplesmente. No amplo e potentíssimo sentido da palavra. Direitos Rservados

11.1.07

O Desfuncionamento Do Brasileiro

O Desfuncionamento Do Brasileiro

Marcelino Rodriguez


Bem, como a educação do Brasil só forma consumidor pro mercado, ele vive numa guerra corpo a corpo pela sobrevivência no espaço. Todo quase sempre "entende de tudo", de futebol ´`a "política internaciona"l. Ninguém quer parecer burro,
mas ninguém quer fazer esforço pra saber de fato. Vida de faz de conta. Ai Voce pega um ônibus e o trocador só sabe passar o troco, mas não sabe pra onde está indo. 999 entre cada mil brasileiros não sabem quem foi Cervantes, por exemplo. Não existe cultura nessa educação fajuta. Os professores são bebedores de Chopp e expectatores do Big-Brother. Ai todo mundo fala mal do governo, mas não se ajuda quem merece nesse país. Quem faz algo de bom aqui deveria ganhar um nobel, pois pra ajudar o Brasil tem que, antes de tudo, vencer o subdesenvolvimento da população em todos os escalões. Vive-se um individualismo bárbaro, cada um defendendo seu pirão enquanto nos sinais os pivetes sinalizam o perigo. Ninguém sabe nada, nem onde fica o país, perdido com 1/3 de água potável do planeta... ò pátria tão distraída.

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