tag:blogger.com,1999:blog-206640322024-03-13T13:08:21.448-03:00Marcelino RodriguezBlog Literário do escritor hispano-brasileiro Marcelino Rodriguez.Marcelino Rodriguezhttp://www.blogger.com/profile/02035681318350077548noreply@blogger.comBlogger26125tag:blogger.com,1999:blog-20664032.post-18993350899778690342009-10-14T07:38:00.007-03:002009-10-30T16:35:52.768-02:00PROFESSOR BRASILEIROPROFESSOR BRASILEIRO, UMA CLASSE A SER REVISTA.<br /><br /> <br /><br />Marcelino Rodriguez<br /><br /> <br /><br /> O Brasil possui, segundo os índices mundiais abalizados, <br /><br />uma das piores avaliações educacionais do mundo e isso <br /><br />ė notório . Não ė preciso alongar-se sobre o tema.<br /><br />Por outro lado, curiosamente, a classe dos professores ė<br /><br />muito bem vista no país , parecendo pairar acima de quaisquer críticas<br />como se fossem altos sacerdotes de uma religião inquestionável.<br /><br />Que ganham pouco, que são sacrificados são algumas das meias verdades<br /><br />com que se perpetua o descaso com a excelência no ensino.<br />Isso se deve a um conceito superficial. <br /><br />Não se tem na cultura do país o conceito arcaico de "Mestre", por conta <br /><br />do subdesenvolvimento cultural, onde uma bola, por exemplo, é vista como mais importante<br /><br />que um livro. <br />Educação tem menos que ver com salário e muito mais com atitude<br /><br />e amor ao conhecimento, além de vocação.<br /><br />A classe atual de professores, na maioria, com aumento de salário vão investir mais<br /><br />em bens de consumo<br /><br />do que em instrumentação, conteúdo <br /><br />e tecnologia para reformar e melhorar<br /><br />as gerações que virão, e como andam as coisas, <br /><br />se não houver uma conscientização do tamanho do atraso, onde as provas<br /><br />do Enem são piadas correntes no país,<br /><br />num futuro médio teremos uma sub-humanidade<br /><br />que não saberá lidar com as mais elementares coisas<br /><br />da vida em sociedade. <br /><br />O professor brasileiro lê?<br /><br />O quê? Que musica ouve?<br /><br />Que filmes assiste?<br /><br />Que pintores aprecia?<br /><br />A classe dos professores brasileiros tem a obrigação<br /><br />moral e humana de ver o quadro atual de penúria cultural e fazer sobre si mesma uma autocrítica sem complacência.<br /><br />Parte da ignorância cultural dos jovens e universitários brasileiros se devem<br /><br />a professores que desprezam a cultura e se acomodam<br /><br />no egoísmo do presente, tratando a educação como meio para ter um salário no fim do mês.<br /><br />Desculpem, mas o nome disso é mediocridade. <br /><br />O dia dos professores deveria ser o dia do minuto de silêncio nacional<br /><br />e da distribuição de livros que no Brasil, como sugeriu o esperto poeta Wally Salomão, <br /><br />deveria vir na cesta básica.<br /><br />O descaso com a cultura e o letramento no Brasil é parte culpa <br /><br /> dos professores<br /><br />que deveriam saber o que é<br /><br />educação, que tem muito mais obrigações do que opiniões,<br /><br /> antes de dar aulas. <br /><br />E uma das obrigações dos professores seria estudar, coisa que fora dos interesses<br /><br />pessoais de carreira e salário<br /><br />parece passar longe de suas pautas.<br /><br />O resultado é o que vemos. <br /><br /> Direitos Reservados.Marcelino Rodriguezhttp://www.blogger.com/profile/02035681318350077548noreply@blogger.com8tag:blogger.com,1999:blog-20664032.post-78292670577653924572009-08-18T10:28:00.003-03:002009-09-16T21:05:25.339-03:00CHORE POR MIM, ARGENTINA!CHORE POR MIM, ARGENTINA!<br /> <br />Marcelino Rodriguez<br /> <br /> <br />Mandei uma crônica minha pra um dos meus correios de divulgação dos meus textos, lista essa<br />Com mais de duzentos nomes. Só recebi um comentário, vindo de uma leitora da<br />Argentina. <br />Salvou-me o dia. <br />Aliás, não fosse eu já ter sido publicado em sites do exterior e recebido críticas até da Republica <br />Dominicana iria duvidar do valor do meu trabalho. <br />Eu sou muito triste e solitário no Brasil. <br />Vivo um exílio sem fim. De vez em quando olho o que resta do ultimo livro que <br />Publiquei impresso<br />e penso em jogá-los todos fora, queimá-los e isolar-me definitivamente do social brasileiro. <br />Não sabia o que andou me abatendo nos últimos dias até que parei pra pensar e <br />e descobri. <br />Estava me sentindo traído pelo país. <br />Já escrevi dez livros, ainda que sem apoio de ninguém praticamente no sentido oficial público ou privado; ou seja, claro<br />Que uma meia dúzia de boas almas me ajudaram (e ajudam) bastante<br />a sobreviver , mas em geral a população não apóia não. <br />O brasileiro médio só pensa em si próprio, já me disse uma vez um <br /> taxista desiludido. Quer saber quem é seu amigo? Publique um livro no Brasil e tente vender. <br />Faça lançamentos. Prepare-se para<br />“ perder” um monte deles.<br />E não se trata apenas essa tragédia do egoísmo com relação a literatura, não. <br />Não sou corporativista nem com os intelectuais daqui. <br />O bem do outro aqui é desprezado, como se o bem do próximo não fosse também um bem da vida.<br />Ou seja, para se chegar a algum lugar tem que se lutar contra a corrente, que torce<br />E conspira pra sua derrota.<br />Um ser humano relativamente educado já é problemático e pecaminoso; um ser humano<br />sem letras e sem refinamento é bárbaro. <br />De nada adianta campanhas para o futuro <br />se não aculturar de verdade a população e não <br />esse ensino maquiado que não forma ninguém. Se alguém duvida do que digo, veja a qualidade<br />de muitos “profissionais” de nível superior do país , <br />metidos nas mais variadas falcatruas. <br />Deus é brasileiro? Sinceramente, não creio nisso. <br />Não concebo um Deus que não goste de poesia, teatro, música, cinema, leitura, artes plásticas, simetria, pontualidade. <br />. Agora que<br />A pessoa que realmente queira fazer algo sadio e<br />produtivo aqui tem que contar com a ajuda divina, <br />senão não anda, isso tem. O povo só não sabota os mais famosos, quando já saíram do inferno da sobrevivência. <br />Ao menos cada vez escrevo menos e não posso deixar de gozar uma ironia interior de saber que com isso<br />O país fica mais burro do que já é.<br />Aqui o que tem valor não vale nada. <br />Pode chorar por mim, Argentina! <br />E que Deus te proteja, Marcelino! <br /> <br />Comente no blog do autor e ganhe o livro “A Bagagem do Viajante” de José Saramago.Marcelino Rodriguezhttp://www.blogger.com/profile/02035681318350077548noreply@blogger.com14tag:blogger.com,1999:blog-20664032.post-3904000697613073072009-06-11T16:23:00.002-03:002009-08-01T16:41:34.946-03:00O Ùltimo RomânticoQuem comentar no Blog do Autor ganha o livro (ebook) "A Bagagem do Viajante" do José Saramago. Basta pedir em luzdomilenio@hotmail.com <br /><br />O ÚLTIMO ROMÂNTICO<br /><br />Marcelino Rodriguez<br /><br /><br /> Acordei sonhando com ela e me deu melancolia, embora entre tapas e beijos virtuais lá se vão dois anos de "quase encontro". Nunca nos vimos, mas tenho que certeza que em determinados momentos tivemos ódio um do outro. Assim como pode ter havido uma ternura<br />singular em momentos outros. Ela ainda não consegue ver bem minha sinceridade <br />e nem desconfia do Tibet da minha alma. Ainda tem a pequenininha muito do lado<br />negativo da mulher: caprichos, dissimulações, agressividade gratuita, ironia e falsas promessas. Toda mulher inteligente deveria saber que os homens de alguma cultura as estudam profundamente, como um menino que analisa as peças de um brinquedo. Difícil uma mulher surpreender um homem vivido, estudado e escaldado. Principalmente.<br /> Claro, ela não sabe que de vez em quando vou lá e vejo suas fotografias que roubei e fico imaginando um monte de coisas. Também sou capaz de mandar esse texto cara de pau e ela nem vai saber que ela é ela. Ela ainda não me percebeu. Pensa que sou um acaso na vida dela. E brinca com isso. Nem se preocupa em me agradar. Nem desconfia o amante profundo que sou. Ela deve dar tanto valor a mim quanto a um saco plástico das Casas Bahia. A distração das moças para o sério da vida deixa na pista um monte de solteironas que não amaram ninguém e vivem reclamando do destino. Escolheram de mais ou não escolheram. Bem, confesso que eu já tive quase a ponto de desistir, de bater o telefone em sua cara e xingar o mais escabroso palavrão do universo, tipo " eu a odeio sua desgraçada, você nem quer me dar um beijinho." Às vezes penso de fantasia se ao fazer amor homem e mulher por vezes não estão se odiando na prática. Sim, inimigos intimos. Isso há. Só há. Ela é tão distraída quem nem leu o livro de seu suposto pretendente. <br /> E com todo esse veneno e desatenção, acordei de madrugada sonhando com ela... <br /> Sei que a amo. Pena que ela não sabe ainda o que é o amor...<br /> Ou ainda não aprendeu amar o amor, que não é questão de escolha, mas de estado. <br /> E nisso fico eu, esperando o dia que nos veremos, quando então poderei saber se isso tudo é o sol <br />ou apenas uma bola amarela. Ao mirá-la, saberei. Talvez esse veneno todo dela seja apenas medo.<br />Medo de me chamar de seu. De se chegar comigo e dar graças a Deus!...<br /> Bom Dia. <br /><br />Contato com o autor: livrariaonline11@gmail.comMarcelino Rodriguezhttp://www.blogger.com/profile/02035681318350077548noreply@blogger.com11tag:blogger.com,1999:blog-20664032.post-26248502634180673412008-12-06T04:49:00.005-02:002009-08-25T16:21:29.762-03:00PSICANÁLISE NA MADRUGADA<strong>PSICANÁLISE NA MADRUGADA</strong><br /><br />Marcelino Rodriguez<br /><br />Engraçado. Ocorreu-me agora que tenho muitos textos com madrugada no título, como se fosse uma sina. O caso é que outro dia topei com uma cena inusitada na cozinha. A culpa dessa cena é da lentidão do judiciário brasileiro, onde parece que os documentos a serem juntados aos processos são levados por burros. Um exemplo. Se um advogado mete um documento em Niterói que fica a trinta minutos do rio de janeiro, o mesmo levará dez dias para chegar ao Rio de Janeiro. Inacreditável? pois é assim mesmo que acontece, e a gente enquanto fica na dúvida se é pra rir ou pra chorar vai tomando esse fumo verde e amarelo de tudo quanto é jeito. O Brasil é um país sobrenatural. Então, como ia dizendo, eu fui na cozinha fazer não sei o quê, quando dei de cara com a cena e me senti abjeto... <br />Um passaporte europeu com documentos em dia, válido para vários países, se tira em 30 dias. Aqui as três ou quatro contas bancárias que minha mãe deixou ainda estão presas um ano e oito meses depois de sua morte; desnecessário dizer que isso me traumatizou a ponto de eu estar pensando em me aposentar da "civilização" assim que receber o dinheiro. Claro que com o dinheiro preso, que o Estado presume que não se necessita dele, cheguei quase na bancarrota. Só não afundei na lama do desespero porque meu pedigree não permite baixar a cabeça nem se estiver sapateando no vômito. Mas perdi a fé, se é que tive alguma vez, em advogados, cartórios e todos os assuntos correlacionados a isso nesse país. Se não fosse levar 987 anos pra ganhar a causa (você quer rir ou chorar?) eu processava o município e os governos estadual e federal por maus tratos. Somatizei e acabei tendo que ir ao hospital público que na televisão funciona perfeitamente. Cheguei às nove da manhã e fui atendido, depois de já estar com uma estranha coloração azul, as duas e quarenta da tarde. Havia pedido um ansioliticozinho pra ver se a insônia melhorava, mas a médica disse que não poderia me dar porque ela não tinha autorização para dar a receita azul. Me senti ultrajado, enganado, pequeno, quase um verme. Receitas médicas com cores. Algum remédio aí doutora? _ "Nada". E nisso, para voltarmos ao evento na cozinha, quando deparei-me com a cena sórdida, invasiva e inusitada, pensei que era o inferno... Claro que com a crise econômica que abateu-me , fazendo com que eu tivesse que cortar minha água mineral francesa Perrier e algumas das 9 espécies de carne que ponho no meu feijão, aquilo poderia acontecer com o passar dos meses... estranho que não lembro mais o que fui fazer na cozinha. Mas eu vi a cena e fiquei lívido, pálido, perplexo. Alguém já disse que toda tragédia vem anunciada? O caso é que um mês depois que uma devassa me abandonasse, os pisos da casa quebraram do nada. Todo especialista em miséria sabe que pisos quebrados trazem poeira e poeira traz bichos sórdidos como insetos de todo tipo e répteis asquerosos, como largatixas. Eu escrevo para entender o terror da vida, creio. Sei que sou um otimista bizarro, capaz de escrever frases como "até as caveiras estão rindo no cemitério". Sim, meu humor é bem estranho. Você poderia perfeitamente me ver na janela do Castelo dos Adams. E a cena da cozinha eu tinha que escrever pra entender. O que eu não consegui entender é porque a cena e a devassa vinham juntas à minha mente. Nâo consigo entender qual a relação do que vi na cozinha com minha ex-namorada. A cena, digna de um oscar do Trash, eram duas baratinhas transando nos azulejos sujos. Fiquei vermelho ao ver aquilo. Um verdadeiro atentado ao pudor, dentro da minha casa. Pensei em abandonar o imóvel para sempre e fugir para a Patagônia, para o gelo, pra não ser humilhado pelas baratas. Não lembro depois da transa das baratas se surtei ou desmaiei; se as matei ou se fui andar na rua. Foi como um apagão. O que não consigo entender de modo algum é o que tem a ver as baratas transando nos azulejos sujos e minha ex-namorada?<br /><br />Direitos ReservadosMarcelino Rodriguezhttp://www.blogger.com/profile/02035681318350077548noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-20664032.post-34984331142723175002008-12-02T04:53:00.002-02:002008-12-02T16:03:03.842-02:00TRABALHANDO A CULTURA NO DIA A DIATrabalhando a Cultura no Dia-a-dia <br />Marcelino Rodriguez<br /><br />Se eu disser como se pode adquirir uma cultura bastante razoável com uns cinco minutos por dia, as pessoas talvez se surpreendam. Vamos imaginar o seguinte. O livro mais importante ao menos pra essa parte do mundo em que estamos, digamos de procedência Cristã, é a Biblia. Não pense que cito a Biblía, embora seja um crente espiritualista, com nenhuma intenção dogmática. A intenção do meu trabalho é apenas a de plantar sementes de crescimento moral e intelectual, dentro da experiência que tenho na prática da cultura e do desenvolvimento pessoal humano. Vamos ficar ,a título de exemplo , com os livros do Novo Testamento, que em geral os Evangelhos de Marcos, Mateus, Lucas e João possuem vinte e poucos capítulos. Eu li todo o Novo Testamento dessa maneira: era um capítulo diário. Em menos de um mês você termina um Evangelho. Em menos de dois anos você passa a conhecer todo o Novo Testamento, o que na prática e de maneira subjetiva irá te enriquecer muítissimo com relação a psicologia profunda e ao mundo simbólico do inconsciente. Além do mais, a prática desse pequeno esforço cultural diário irá fortalecer a auto-estima de quem o pratica. As pessoas que possuem a alto-estima mais elevada são aquelas que fazem um esforço consciente para crescer. Citei a Biblía para mostrar a simplicidade do método, porque além de ser o livro mais importante, a Biblía é por si só uma cultura e uma fundadora de culturas. Uma pessoa que viva num país que tem uma crença predominante e não conhece as bases dessa crença é uma pessoa ignorante, egoísta, que só se interessa por si mesma. Aliás, os intelectuais e líderes superiores sejam cientistas ou artistas possuem um conhecimento global e eclético, ainda que externem uma ou outra opinião. Finalizando: quem diz não ter tempo pra ler, mente. Cinco minutos é o suficiente pra que em pouco tempo uma pessoa aprenda bastante coisa todos os dias. Os país e mestres que adotarem esse método a seus jovens estarão plantando sementes extraordinárias para o futuro.<br />TRECHO DE FORMANDO UM PAÍS DE LEITORESMarcelino Rodriguezhttp://www.blogger.com/profile/02035681318350077548noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-20664032.post-14898052351031862072008-11-02T18:19:00.002-02:002009-10-07T18:15:38.540-03:00O SOL DA MEIA NOITE<span style="color:#ff6600;">SOL DA MEIA NOITE </span><br />Marcelino Rodriguez<br />Os meus já se foram. Os que ficaram não são meus porque se traíram. No momento que escrevo isso, faltam exatos sete minutos para a meia-noite. O silêncio tece para mim a sua teia; acolho-o. Hoje pela manhã eu via extasiado num misto de melancolia com uma misteriosa saudade um slide sobre a Noruega. Montanhas e rios formando junto com as construções humanas um poema perfeito. Casas coloridas e opulentas. Fiquei imaginando "que povo organizado esse" e entristeci. E fiquei com a metáfora do sol da meia noite na alma. Aqui a "justiça" está em greve há mais de um mês, ou quem sabe a quinhentos anos. A justiça não tem ao que parece compromisso com o povo. Não imagino aqueles funcionários que abandonaram a população que paga seus impostos reivindincando nada mais que não sejam seus interesses. A miséria de toda ordem cresceu no Brasil. Estamos ilhados, solitários, fragmentados. Dentro de mim o pêndulo oscila entre o desespero e a esperança. Viver também é construir coisas coletivamente, gozar a convivência. Lá no fundo da alma eu tenho saudades da ordem e da felicidade. Acho estranho essa falta de comunicação, de afeto e a agressividade das gentes. O brasileiro na maior parte ainda não aprendeu a apreciar a vida, nem as pessoas. Passei um dia planejando um programa de engenharia humana para esse país. Dará certo? Não sei. Lançarei a semente. Talvez esteja condenado a plantar, também para salvar-me um sentido. São agora meia noite e dezesseis. Sinto-me como um farol perdido no meio do mar. Ou a torre de uma igreja extinta no deserto. Ou talvez quem saiba seja eu o sol da meia noite da cor de um crepúsculo velando sobre o país adormecido. Direitos ReservadosMarcelino Rodriguezhttp://www.blogger.com/profile/02035681318350077548noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-20664032.post-22851342835638461122008-04-25T10:37:00.000-03:002008-04-25T10:38:26.864-03:00METAS DE LEITURA NA EDUCAÇÃOMETAS DE LEITURA<br /><br />Marcelino Rodriguez<br /><br /><br /> O Brasil nunca será um país nem sequer perto de funcionar relativamente a altura dos bens, serviços e valores que a civilização já´produziu e produz senão começar desde já a se preocupar com o baixíssimo indice de leitura da população (hoje lê-se per capita no país menos de 2 livros ano), sendo esse o principal déficit educacional da população em todos os níveis, com repercussão negativa no desenvolvimento em todos os setores da vida nacional. Não existe país desenvolvido com mentes subdesenvolvidas e o hábito da leitura é inquestionavelmente fator determinante no desenvolvimento integral do indíviduo, o qual desenvolve as qualidades superiores tanto do intelecto quanto da sensibilidade, além de aguçar os sensos critico e criativo, imprescindíveis para a excelência seja em que função for que o indíviduo venha a exercer suas habilidades humanas. Como sanar esse grave e dramático problema, verdeiro buraco negro do ensino e do homem brasileiro? Nada de muito complicado. Basta fazer metas de leituras no ensino fundamental e médio, que é a fase de formação do indíviduo, mais ou menos entre os sete e quatorze anos que é quando se instalam os hábitos. Que tal de modo experimental seis livros anuais para cada série? Isso já melhoraria substancialmente e triplicaria o atual indíce. Não é um projeto caro nem tampouco complexo, basta apenas bom senso e vontade política do ministério da educação e dos educadores. Somente com leitura diversificada o individuo tem uma educação integral e não meramente técnica como hoje em dia. Aprender um sistema, seja qual for, não é ter a inteligência evoluida. A imaginação e a sensiblidade é que são fundamentais seja no direito, na arquitetura, medicina e demais profissões. Com sujeitos leitores ter-se-á uma qualidade de vida compatível com os bens que a civilização já produz. Sem leitura, impossível. Ao contrário do que pensam os otimistas, quem não tem o hábito de ler sequer é capaz de reconhecer a própria ignorância. Que se trabalhe então para se corrigir esse verdadeiro cancer educacional do brasileiro, que se estabeleça nos ensinos médio e fundamental a prioridade de formar estudantes leitores, com metas e tudo, para que num futuro de décadas adiante o Brasil possa vir a ter a esperança de um dia contar com um povo preparado para os desafios e conquistas da civilização. Direitos Reservados. Abril, 2008Marcelino Rodriguezhttp://www.blogger.com/profile/02035681318350077548noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-20664032.post-22769614407841849392008-04-09T11:01:00.001-03:002008-04-09T17:11:36.895-03:00A QUEDA DO AMÉRICA, LUTO NO FUTEBOL BRASILEIRO<span style="color:#ff0000;">A QUEDA DO AMÉRICA, O LUTO NO FUTEBOL BRASILEIRO<br /><br /></span><br />Marcelino Rodriguez<br /><br />Esse seis de Abril ficará marcado para sempre<br />como uma página melencólica do futebol brasileiro,<br />com a queda do carismático clube de Campos Sales,<br />o único Campeão dos Campeões,<br />vitima da decadência de valores que ano a ano afunda<br />o futebol brasileiro e mais particularmente o carioca,<br />num grande e sujo mar de lama. Esse ano ano o requinte<br />da crueldade e da mau caratismo chegou ao auge do inacreditável.<br />Uma parte grande da imprensa com a tatica nazista de repetir<br />uma mentira até que se torne verdade, elegeu quatro<br />agremiações, o "quarteto fantástico" com o privilégio<br />de jogarem seus jogos apenas em seus domínios, coisa inédita<br />no futebol mundial. De um inacreditável cínismo. O mais estranho<br />é o eleger-se os "grandes" antes mesmo de saber quem é o GRANDE vencedor<br />da competição. Nelson Rodrigues dizia que toda unanimidade é burra.<br />Quando o Vasco venceu o primeiro campeonato, o América já tinha<br />sido campeão três vezes. Mas a atual impressa, desprovida de cultura<br />e senso de Tradição , vivendo do descartável e da carniça como abutre<br />ao invés de denunciar o patético e decadente futebol do rio<br />que já vitimou outros clubes simpáticos da capital como Campo Grande,<br />Bangu, Bonsussesso, OLaria, São Cristovão, tornou-se um campeonato<br />de cidades patrocinadas por prefeitura e mais o quarteto fantástico,<br />com bem pouco lugar para o América que aceitou erroneamente tal/<br />regulamento patético e vem lutando para tentar manter sua grandeza<br />mesmo encarando a máfia das arbitragens. Quem esquece a Taça Guanabara<br />de 2006, quando não fou dado o penalti a favor do América e o horroroso<br />time alvinegro humilhado em campo batia covardemente nos rubros? e o juiz fingiu que<br />não via nada? Bobo é quem se ilude. Acabou-se os tempos de romantismo<br />no futebol , onde o GRANDE se via era em campo e onde a ética<br />, a paixão e o espírito esportivo falavam mais alto. Em 1987 o América<br />que era fundador da CBF , terceiro colocado no brasileiro foi rebaixado<br />não em campo, como também não foi rebaixado em campo nesse domingo.<br />O América foi rebaixado pelo regulamento, como em 1987. Pouca gente<br />percebeu que jogando em seu estádio o América só perdeu um jogo.<br />Mas enquanto o quarteto fantástico jogava somente em seus domínios, o<br />gigante de Campos Sales ia a Macaé, Bacaxa, Campos e por ai vai. O América<br />começou ser rebaixado quando aceitou ser tratado<br />de forma injusta com<br />sua grandeza dentro e fora de campo.<br />Perdeu a chance de tirar a máscara do quarteto farsante, onde<br />as viradas de mesa os mantém não poucas vezes nas divisões principais.<br />Sou a favor e farei carga para que o América não dispute<br />mais um campeonato onde ele seja tratado de forma não condizente nem<br />com a realidade que dirá com sua grandeza. Sou a favor que seja criada<br />uma nova liga com os times do interior e os outros clubes cariocas<br />refundando o campenato carioca, deixando que o quarteto fantástico<br />joguem entre si somente, até que acabem e se extinguam. O Campeão dos<br />Campeões caiu em Friburgo, com torcedores de fluminesse, flamengo e<br />vasco e outros entre nós. Os verdadeiros torcedores que acompanham a história<br />do futebol sabem que sem o América , sete vezes campeão, vice outras<br />tantas, o campeonato do rio perde muito de sua graça, senão toda sua<br />graça, pois o América não é apenas grande, é Gigante de uma história<br />impossível de apagar. O rio chora. Seu fantasma há de perseguir<br />a imprensa marrom e os dirigentes do "quarteto fantástico" que se tiverem<br />um pingo de vergonha vão manter o América no seu lugar<br />de grande e cativo,<br />perpétua grandeza do futebol brasileiro e mundial. E aos dirigentes<br />e torcedores do clube resta não aceitar<br />mais tratamento nem regulamento<br />que não esteja a altura do clube. Ou nos tratam<br />como GRANDES incondicionais<br />ou não entremos mais em campo. Fiquemos imortais, na história,<br />Porém erguidos. Como diziam os templários antigos "antes a morte<br />que a desonra". Esse campeonato<br />é um esculacho indigno do América<br />e de sua história.<br /><br /><br /><br /><br />Rio, 09.04.2008Marcelino Rodriguezhttp://www.blogger.com/profile/02035681318350077548noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-20664032.post-55410660837524311332007-05-15T10:34:00.000-03:002007-05-15T10:35:48.797-03:00UM BRASILEIRO INTERESSANTE<span style="color:#33cc00;">OSCAR NIEMAYER, UM BRASILEIRO INTERESSANTE</span><br /><br />Marcelino Rodriguez<br /><br />Eu havia escrito uma crônica sobre o INRI Cristo que acabei perdendo sabe-se lá por qual providência; nela eu dizia, entre outras coisas, que ele era uma das poucas pessoas interessantes do Brasil. Inclusive, numa conversa que tivemos, achamos que o próprio número de salvos segundo a Bíblia são alguns milhares, o que já acho muito. Não confio em gente. Ando misantropo e arredio. Rezo apenas pelas pessoas de boa vontade, uns dois por cento da espécie humana, e o resto por mim pode ir tranqüilamente pro inferno. Deus devera estar providenciando um anexo. Outro dia três meninos com menos de onze anos estavam dormindo em frente a uma loja de roupas. Eles querem ajuda, claro; se quisessem morrer , não iriam cair onde houvesse tanto movimento. Entrei na loja e tentei fazer com que as vendedores e a gerente se dignassem a ligar pro conselho tutelar, alegando que eram criança, menores, mas a prostitutazinha do mercado babilônico dizia que o telefone dali só recebia, fez pouco caso e em nenhum momento mostrava um pingo de compaixão pelos três meninos. Com pouco mais de quinze e já é completamente imprestável. Que linda juventude! ...Fico vendo as entrevistas dos programas dominicais e numa delas O Oscar Niemayer dizia que nada é importante, fora tentar melhorar o mundo de bosta. Que a vida nada mais é que um sopro, e passa rápido. E contou emocionado de um garoto que ele ajudou tirar da rua e que um dia ligou pra saber da saúde dele.Tá ai, acho que Niemayer não cabe no inferno. Com 100 anos, é jovem e lúcido.<br /><br />DIREITOS RESERVADOSMarcelino Rodriguezhttp://www.blogger.com/profile/02035681318350077548noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-20664032.post-76235100946819628882007-05-04T21:20:00.000-03:002007-05-04T21:22:05.554-03:00A ESTÉTICA PESSOAL<span style="color:#33cc00;">A ESTÉTICA PESSOAL</span><br /><br />Marcelino Rodriguez<br /><br /><br />Viver é uma missão, uma aventura e uma imensa responsabilidade que as pessoas no mundo moderno pouco se importam com a estética pessoal, o autoaperfeiçoamento. As pessoas se exigem muito pouco hoje em dia. O cuidado nas maneiras, nas palavras, parece uma arte perdida no fundo do tempo. No entanto, esculpir nosso próprio ser a máxima perfeição possível não seria uma obrigação? Sim, muitos se acomodam dizendo que a perfeição” não existe”, mas existe um esforço a ser feito para que nos tornemos melhores, o próprio curso da vida nos obriga a sermos mais responsáveis. Quando Cristo disse “Sedes perfeitos como vosso pai do céu é perfeito” – e que quem o amasse de fato seguiria suas palavras - ele foi claro e objetivo. Existe algo a ser feito em nosso ser. Não estamos aqui na vida apenas para desfrutes sensuais. Estamos cercados de eventos e circunstâncias que pedem nossa contribuição. Ninguém é verdadeiramente interessante sem ser interessante, nem chegará num mérito no mundo espiritual sem esforço. Esforço em corrigir nossas debilidades; esforço em tornar a fala e os gestos mais graciosos; esforço em pensarmos mais em conhecimento e beleza; para sermos realmente dignos de sermos chamados de filhos de Deus, temos que ser dignos de pisar sobre a terra e caminhar sob as estrelas. Anda esquecido de muitos dada a ferocidade dos tempos, a arte da cortesia. No entanto, sem ela somos indignos de mérito humano. Ninguém chegará a gozar certos deleites na espiritualidade senão fizer uma reforma em si mesmo e não se comprometer a entregar ao criador uma obra nossa, talhada com nosso próprio esforço. Criamos o mundo com Deus. Sejamos dignos disso. A estética pessoal faz parte da nossa matéria a ser aperfeiçoada na terra.<br /><br />Trecho do livro Bonecos de DeusMarcelino Rodriguezhttp://www.blogger.com/profile/02035681318350077548noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-20664032.post-17104460632153695522007-05-02T10:57:00.000-03:002007-05-02T10:59:12.637-03:00DEUS ESTÁ NO OUTRODEUS ESTÁ NO OUTRO<br /><br />Marcelino Rodriguez<br /><br /><br /><br />A maior armadilha e maior cegueira que pesa sobre a humanidade é o egocentrismo, a ilusão do eu e a vaidade pessoal. Don Giussani, padre genial do catolicismo e fundador do movimento comunhão e libertação pregou isso e estabeleceu um novo carisma na Igreja Católica. Só existimos em interação. Nenhum homem é uma ilha. São verdades que todos nós sabemos, mas pouco praticamos. Vivemos como nunca talvez na história humana os valores cegos do sexismo e do individualismo, numa sociedade descartável e fria. No entato, se nos perguntarmos “o que estou fazendo aqui”? Ou “como posso resolver minha situação”? Vamos sempre perceber que sozinhos, nada podemos. Seja profissionalmente, seja afetivamente, seja socialmente todo sonho nosso de encontro vai estar no outro, que é como Deus pode revelar-se de maneira mais inteligível, através do próximo. Então, por que não orientarmos os padrões afetivos para dar o melhor de si ao outro? Quem quer que tenha Deus honestamente em sua vida, que já possua uma vida interior, que é a verdadeira vida, uma vez que quando queremos buscar nos outros apenas aspectos exteriores e vantagens materiais não os vemos mesmo na sua singularidade e valores humanos, fazendo com o próximo apenas “contratos físicos” perdemos sem dúvida o mais precioso, a “essência”. Quando Cristo disse “Onde dois ou mais estiverem em meu nome” ali estarei, ele quis dizer estarem juntos não exteriormente apenas, mas em sentimentos, em respeito, em amor e reverência pelo encontro. A maioria das pessoas que sofrem de depressão são pessoas egoístas, que nada querem dar de si. Nunca ouvimos dizer que uma pessoa que dedique sua vida em prol de seus semelhantes estivesse deprimida. Se Deus está no outro, que é onde vem a revelação da nossa vida e destino, porque tanto egoísmo? Tanta cegueira? Muito simples, ignorância. Quanto mais egoísmo, mais vaidade, mais ignorância. E quem vê seu próximo apenas como coadjuvante de sua vida, perde a grande oportunidade do encontro. Egoísmos não se enxergam, nem se relacionam,apenas se esbarram. Somente quando abrimos mão do egoísmo primitivo e vemos o outro em sua singularidade humana, deixamos de ser egos cegos e passamos a ser indivíduos.<br /><br />Direitos Reservados.Marcelino Rodriguezhttp://www.blogger.com/profile/02035681318350077548noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-20664032.post-104232809384018742007-04-26T18:46:00.000-03:002007-04-26T18:47:46.330-03:00Cronica do Bob<span style="color:#33cc00;">O MENINO DE SUA MÃE, CRONICA DO BOB</span><br /><br />Marcelino Rodriguez<br /><br /><br /><br />Sempre acreditei que uma imagem vale mais que mil palavras, embora as ironias do mundo me fizesse um homem de palavras. Mas são sempre as imagens que me comovem. Já me disseram (e dói-me lembrar quem) que sou como o garotinho do desenho animado, o Bob. Aquele que imagina tudo que falam pra ele. Foi o apodo mais perfeito que já tive , acho. E dos mais carinhosos.<br />Lembro-me que ela dizia pra eu amarrar uma cordinha no pé pra não sair voando.<br />Claro, a terra anda rasteira. E parece que sou o último leitor do “Pequeno Príncipe” e outros livros desse nível sentimental. Sou capaz de ver as presas por trás de sorrisos e olhares. Estranho mundo. Mas acho que os anjos se divertem com minha ingenuidade.<br />O caso é que quando lembro do Bob, lembro dela.<br />Ela inventou o Bob pra mim, e em dias de malcriação eu e chamava de mamãe. Quantos séculos de solidão passamos nesse breve mundo, até que descubram nosso coração.<br />E de vez em quando ao ver uns cabelos compridos e um corpo esguio , o coração dá um pulo. Seria a mamãe?<br />Bem, o caso é que sou mesmo o Bob.<br />Mas acho que pensam que sou um intelectual de primeira categoria, ou um perfeito Nerd. Ou quem sabe ainda um enganador estelionatário. Tem lugares até que revistam minhas bolsas, como se eu fosse o Bin Laden. Os bancos tem medo de mim.<br />Neném, mamãe, dá pra explicar que sou apenas o Bob?<br /><br />26.04.2007<br /><br />Direitos ReservadosMarcelino Rodriguezhttp://www.blogger.com/profile/02035681318350077548noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-20664032.post-69807573310222907402007-04-16T19:07:00.000-03:002007-04-16T19:08:15.777-03:00A MADRUGADA A MINHA ESPERAMADRUGADA À MINHA ESPERA, MEU REFÚFIO, MEU REGRESSO<br /> Marcelino Rodriguez<br /><br />Um leitor me pergunta, entre outras coisas, porque divido meus pensamentos. Eu poderia dar mil respostas prontas e óbvias. Mas não darei. Fez-me pensar no assunto, agora que já sei que vou ter mais uma deliciosa insônia pela frente. Terei tempo. Tenho visto o dia amanhecer muitas vezes. Tenho desligado o PC num minuto e ligado no outro. Tenho sentido de perto o perigo da fronteira, ou das fronteiras. Como dizia Neruda: “Tudo em ti foi naufrágio”. Meu caro! Deus é minha ferida. Ele vem a minha janela, entra pelo vento, acarinha-me mortalmente. O mar? Sabe, o mar me conta segredos, as flores me sorriem. Um poema leva-me ao infinito. Posso dizer, sem exagerar, que tenho o universo na ponta dos dedos. Mas Deus dói, sobretudo se é estrangeiro. E Deus é estrangeiro nesse mundo. Pergunte aos homens... E assim ficamos os dois exilados. Fora isso, tem a noite larga que não me deixa dormir, excesso de café ou de solidão talvez. Eu não queria dizer... talvez seja medo. Mas nem tudo posso contar... Eu vi o naufrágio... Cai no mar e agora nado. Nado. Nado. Nado. Minhas crônicas são minha defesa, minhas guarrafinhas... as baladinhas românticas todas me comovem, e a responsabilidade pelo mundo do crucificado pesa-me nos ombros. Sei que perdi, sei que me perdi e sei que posso perder. A qualquer momento posso receber o golpe fatal. Mas estarei valente. Isso eu devo a mim. Além do mais a noite longa gosta de uma conversa, senão me deixaria dormir. Se soubesses do silêncio... pensa num barco solitário, ele vai vai vai de mansinho nas águas com a lua por cima. Tudo em volta é de azul veludo. Tudo em volta é eterno. Eu sou esse barco. Eu sou aquela lágrima. A metáfora. O filme. O delírio. A marcha patriótica que nunca fui.... Sobretudo eu vi o amor abandonado. Eu sou o amor que ficou. Entendes? Escrevo para construir na destruição. O menino do Império do Sol, não esqueço dele tentando um acordo com os inimigos... Sabe, gosto dos anjos. Angel. Angeles de cabelos dourados me sussurram... olho ao lado, não é ninguém. Será impressão ou milagre? Ela me sorriu muitas vezes e tudo estava explicado... não podia ser mentira... aquele livro que sonhei talvez nunca venha a escrever.... cheguei a pensar a capa... Bem, meu caro! Na verdade escrevo para resistir. È uma guerra. Se eu ficar na cama olhando o teto, ele cai. Percebe? Meu peito é violento. Acho que sou carente e gosto de chocolate quente. Já vi aquele filme Meu Primeiro Amor umas três vezes. Você conhece? Sabe aquela coisa que sempre quiseste saber e quase, quase, quase? Escrevo por isso, por esse quase, quase sempre. Eu sou esse quase. Ou um excesso de misericórdia. Ou amor, simplesmente. No amplo e potentíssimo sentido da palavra. Direitos RservadosMarcelino Rodriguezhttp://www.blogger.com/profile/02035681318350077548noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-20664032.post-1168514572302425712007-01-11T09:06:00.000-02:002007-01-27T22:13:15.383-02:00O Desfuncionamento Do Brasileiro<span style="color:#000000;">O Desfuncionamento Do Brasileiro</span><br /><br />Marcelino Rodriguez<br /><br /><br /> Bem, como a educação do Brasil só forma consumidor pro mercado, ele vive numa guerra corpo a corpo pela sobrevivência no espaço. Todo quase sempre "entende de tudo", de futebol ´`a "política internaciona"l. Ninguém quer parecer burro,<br />mas ninguém quer fazer esforço pra saber de fato. Vida de faz de conta. Ai Voce pega um ônibus e o trocador só sabe passar o troco, mas não sabe pra onde está indo. 999 entre cada mil brasileiros não sabem quem foi Cervantes, por exemplo. Não existe cultura nessa educação fajuta. Os professores são bebedores de Chopp e expectatores do Big-Brother. Ai todo mundo fala mal do governo, mas não se ajuda quem merece nesse país. Quem faz algo de bom aqui deveria ganhar um nobel, pois pra ajudar o Brasil tem que, antes de tudo, vencer o subdesenvolvimento da população em todos os escalões. Vive-se um individualismo bárbaro, cada um defendendo seu pirão enquanto nos sinais os pivetes sinalizam o perigo. Ninguém sabe nada, nem onde fica o país, perdido com 1/3 de água potável do planeta... ò pátria tão distraída.<br /><br />Direitos Reservados<br /><br /><a href="http://educacaoparabrasileiros.blogspot.com/">http://educacaoparabrasileiros.blogspot.com/</a>Marcelino Rodriguezhttp://www.blogger.com/profile/02035681318350077548noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-20664032.post-1165281310501579382006-12-04T23:14:00.000-02:002007-01-10T14:42:13.613-02:00AS ROSAS DE SHALOM - Marcelino RodriguezAS ROSAS DE SHALOM, DANIEL MY BROTHER<br /><br />Dedicado à Luciana Cury<br /><br />Marcelino Rodriguez<br /><br /><br />Uma amiga diz que está mandado-me "As Rosas de Shalom". Digo-lhe que nunca recebi Rosas e ela diz ficar emocionada.Verdade. Nunca recebi rosas. Fui eu que fiquei só na noite mais fria,sem ter recebido o mínimo investimento, abandonado por tão pouco, por tão menos, por tão nada.Fui eu que quando mais precisei, fiquei com a tristeza mais pura, tropeçando sem jeito na terra por ter acreditado em palavrasvãs. Fui eu que fui ouvir Jackson Five somente pra lembrar que fui menino um dia e a maldade não me atingia tanto. Fui eu que fiquei sem jeito. Fui eu quem carregou toda dor, toda desilusãopesando por dois mil anos. Fui eu, fui eu, fui eu. Eu que preocupei a meus amigos com a tristeza crescente.Eu que matei a primavera. De tudo, eu tive as lágrimas.Mas só eu possuo a chave, a glória dessa dor. Eu amei o difícil.Lutei pelo impossível. Lutei contra mim. Todo valor foi desprezado.Os sonhos despedaçados, choraram. E o vale de dores se abriu, infinito.E caminhei e caminho, dia e noite, sabendo quase tudo de tudo.Sempre soube que me chamava Daniel e que estava na cova dos Leões.<br /><br />Direitos ReservadosMarcelino Rodriguezhttp://www.blogger.com/profile/02035681318350077548noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-20664032.post-1158263032913107352006-09-14T16:42:00.000-03:002006-11-26T04:32:52.820-02:00<span style="color:#33ff33;">PALAVRAS DO FRONT</span><br />Manhãs de Setembro - trecho de Bom Dia, Espanha! -<br /><br />Marcelino Rodriguez<br />Deixa eu te dizer minha Bela, algumas palavras aqui do meu exílio, onde o frio anda tão grave quanto a solidão. Alguns anos atrás, havia uma cantora que cantava “As manhas de setembro”, a Vanusa, te lembras? Pois e´. Nesse tempo, eu era um menino e como dizia a musica, “ eu coloria as flores”. Acreditava em muita coisa; acho ate´ que era feliz, embora eu não goste dessa palavra. Havia família ao meu redor, porque quando somos crianças, acredito que a sorte nos chegue de uma forma mais poe´tica, mais colorida. E o sucesso não nos e´ imposto como uma religião. Havia amigos, porque naquele tempo a solidão ainda não tinha se instaurado de forma tão brutal como hoje existe entre os homens. As pessoas se respeitavam mais porque Vanusa ensinava os vizinhos a “amar nas manhas de setembro”. Eu era sonho e luzes; potencia e esperança. Acreditava no amor como em Deus, via as mulheres como criaturas boas e frágeis. Enfim, tudo era tão puro para mim, quanto era meu coração. Sim, minha Bela, tudo isso nos anos seguintes foram caindo, como um castelo de cartas ao vento. O mundo não era o imaginado; as pessoas pouco se ajudam a sobreviver, estragam seus amores, inventam religiões e deuses ale´m do necessário, se perseguem e se matam, por vezes, tudo isso perfeitamente dentro das leis humanas. Com tudo isso, fiquei só num território imenso. Hoje já nem sei mais qual meu pais ao certo, ou onde me levara´ o meu destino, sob qual bandeira irei defender-me. Tudo me parece tão feroz. Confesso que ando com muito frio, e quando chegam mensagens suas e´ como uma visão de um campo de flores ao longe. Eu gosto de ver e ler. Daqui eu não me exponho porque deves imaginar a melancolia de quem vive no front da guerra. Acho muito peculiar e consolador que um soldado relembre que existe ainda alguma beleza e candura na terra; podes acreditar, dentro desse deserto que tenho vivido, com combates de golpes baixos e sem beleza, lembrar sua fisionomia, a extensão de seus cabelos e a abertura de seu sorriso, sua prosa, faz-me recordar que ainda estou vivo e que meu coração e´ capaz ainda de perceber algum encanto, apesar de tudo que me cerca aqui e adiante, nas leis internacionais de infelicidade que os homens criaram. E´ sempre, receber mensagens suas, como tomar um chá´ bem agasalhado, estando a temperatura baixa. Só Vanusa não canta mais, nem se faz mais música como antigamente. Mas meu setembro fica melhor quando alguém se lembra de mim, ainda que de leve. Principalmente se fores tu; porque do resto minha bela, eu tanto esqueci quanto fiz questão de ser esquecido. Porque tens sido suave, te dou, mesmo aqui do front, o que me resta de delicadeza com gratidão. 03/09/2003<br /><br />Uma leitora gostou desse texto do livro Bom Dia ,Espanha e por isso estou postando aqui.Marcelino Rodriguezhttp://www.blogger.com/profile/02035681318350077548noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-20664032.post-1153202757259026162006-07-18T03:04:00.000-03:002006-09-02T17:32:10.663-03:00AINDA ONTEM ELA SORRIAAINDA ONTEM ELA SORRIA<br />Marcelino Rodriguez<br /><br />Noite fria. Solidão. Meu Mel viajou. O coração no exílio navega com Barbra Streinsend. Mar calmo, fundo e triste. Pensar que ontem ela me acordou com um sorriso. E que tão funda e feliz foi a impressão de vê-la pela manha que virei o rosto com vergonha que ela visse a intensidade do meu amor. Por que o amor nos mete medo? Sim, eu vi o mundo inteiro naquele sorriso. Queria dizer obrigado talvez. Por que ela sorria?Terá achado graça de ver-me dormindo? Agora tão longe e o mundo tão sem cor. Disse-me que precisa pensar. E se pensar errado, ou pouco, ou muito? Vejo-a além do tempo. Sinto a eternidade com ela. Pode o peito nos trair? Pode uma ilusão ser tão exata?O abraço de Mel, seus cabelos longos no travesseiro. Metáfora de Deus pra mim. E agora jogo xadrez com a solidão. Deixou-me um presentinho. Ela volta. Sim. Sei que volta...Senão de nada vale meus sentidos, nem meus sentimentos, nem meus instintos. Senão toda criação estaria errada e as estrelas despencariam do céu. O sol ficaria negro. Na verdade eu gostaria de dizer aqui o que não posso. O que não cabe.Entre a linguagem e o amor existe um abismo.Ou talvez seja tudo uma saudade...Canta Barbra. Me ajuda sobreviver...Ainda ontem ela estava aqui e sorria...Isso que bate ainda aqui será meu coração? Sim, o biológico. Mas o que há dentro dele vive em outro lugar. Só ela tem a chave. Minha liberdade e minha prisão nas mãos de uma mulher. Ninguém se pertence. Somos todos, maravilhosamente, filhos do amor. 14.07.Marcelino Rodriguezhttp://www.blogger.com/profile/02035681318350077548noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-20664032.post-1151408405243837922006-06-27T08:38:00.000-03:002006-12-14T12:19:48.433-02:00O QUE É EDUCAÇÃO?Marcelino RodriguezTenho andado por ai, nessas margens e esquinas que nos leva a vida de literato que vive em países periféricos estudando atentamente as razões e desatinos das gentes. Assombra-me a falta de senso dos mais elementares mesmo nos supostos formados nas melhores universidades, porque a ignorância mascarada com algum saber é a pior que existe. Então seria bom, como a maioria das gentes não quer mesmo fazer esforço, definir o que é educação. Uma vez que tenho encontrado gente muito pouco distinta ou seja porque são desagradáveis no tato, ou seja porque embora falem efetivamente palavras bonitas ou pérolas filosóficas, na verdade não estão nem aí para o país ou para seus semelhantes. Ou seja, inúteis e feios pavões.Lembro-me que quando era menino mais pequeno havia um programa na rádio que dizia assim com uma música sonora ao fundo “ quem não vive para servir, não serve para viver”.Essa metáfora creio que ficou quase que como uma religião inconsciente na minha pessoa. Julgo uma pessoa por sua utilidade social. Não a utilidade que ela tenha por si própria e pense que é o bastante para o corpo social. Ou seja, a professora que dá sua aula burocrática , ganha seu salário e pensa que serve a nação, ou os advogados do direito torto, ou os intelectuais pedantes a quem falta o Dom de saber que vivemos todos num planeta doente e que a única grandeza que há aqui é reconhecermos nossa própria miséria e incompetência.Andei fazendo uns estudos sobre a riqueza. A coisa mais difícil de criar é a escassez, uma vez que o principio regulador da natureza é a abundância. Os humanos conseguem isso. Notadamente nos países do capitalismo periférico, a irresponsabilidade social das gentes chega ao descalabro, daí que vemos crianças catando lixos as vistas das janelas gradeadas de condomínios luxuosos. As pessoas em geral gastam com futilidades, mas passam por cima dos necessitados com uma indiferença que beira a demencia; ou seja, não se distribui nem se retribui renda.O raciocino é individualista , primitivo, bisonho.Ninguém quer dar nada.As pessoas exigem de si o mínimo e se pensam o máximo.Não apoiam as boas iniciativas de seus semelhantes, com isso quebram a economia (que funciona como no efeito dominó) e agindo de formam irresponsável e corrupta, gritam que o governo é o culpado.O Diabo chupa manga nos países periféricos.Os professores escondem o que sabem.Falta vontade, falta disciplina, falta honra.Os homicidas inocentes vivem nos fóruns e academias com “reputações ilibadas”.Cada religião tem um Deus.Faz-se comércio da terra, da água, do fogo e do ar, mas ninguém passa bem.Os abutres se fartam na estupidez. A mesa dos tolos é tão farta quanto a dos ladrões ricos, porque os ladrões pobres morrem em sistemas prisionais hediondos.Por isso, nessa quadra da vida, em que não me iludo mais de achar santos ou honestos na terra ( salvo as honrosas excessões de dois por cento), sobretudo nos países periféricos e irresponsáveis ( todo homem é um suspeito em potencial ) resolvi dedicar-me a escrever minhas piadinhas de humor negro e que se lixe a “ignoranssa. “ Não vou gastar meu latim com quem não me paga.Ia esquecendo de dizer: “educação é bondade”. Quem não é bom, pode ser o que for aos olhos do mundo, mas diante da vida não passa de um patife.Então procure ver a quem Senhor serve seu Irmão.” Quem não vive pra servir, não serve pra viver.”Antes que me perguntem o que são países periféricos, digo que são todos aqueles em que os cidadãos podem chegar a miséria absoluta sem que seus cidadãos se importem.Marcelino Rodriguezhttp://www.blogger.com/profile/02035681318350077548noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-20664032.post-1149124226386076712006-05-31T22:08:00.000-03:002006-06-17T02:35:01.426-03:00O BONECO RECLAMA<span style="color:#33ff33;"></span><br />MINHA NADA MOLE VIDA DE POPSTAR – O BONECO RECLAMA<br />Marcelino Rodriguez<br /><br />Um amigo meu, religioso, costuma me dizer: - Fale a verdade e saia correndo. Nos próximos quinze dias estou metido até os ossos com entrevistas, contatos, arrumações e tentei declinar da jornalista do ediciones que vem me perguntando sobre o que eu achei dos acontecimentos em São Paulo e qual o maior ponto vulnerável do país em que vivo, tudo isso enquanto vejo a despensa com uma latinha de atum e a última Perrier pela metade, enquanto ainda tenho metade da edição do meu livro , sem dúvida um dos melhores já escrito no gênero, para vender.<br />O que tenho ouvido de papo furado e esnobação, evasivas e inversão de valores, fez-me aceder e conceder a entrevista a jovem uruguaia do ediciones. Quem sabe essa entrevista não apresse-me ganhar logo o nobel ou o Camões e assim posso tocar fogo no resto dos livros e deixar de chatear os outros tentando vender minha versão atual da Divina Comédia, pois lá quem tenha um pouco de inteligência e cultura, pouco se lhe importa ou não o reconhecimento alheio. Sei que um caráter excepcional como eu tem por certo um lugar bom no além.<br />E Deus não há de deixar seu Boneco desamparado.<br />Sim, eu sou o Boneco de Deus, como o Pinóquio.<br />Só que não sei mentir.<br />De modo que o meu amigo Religioso dizia que o povo aqui reclama do governo , mas é tão picareta e corrupto quanto o mesmo. Pouca gente se preocupa em estudar para ser , não um esnobe, mas um cidadão útil ao seu país. Pouca gente se preocupa em fazer o bem pensando na coletividade. Todo mundo quer ser rei aqui, mas sem estudar as regras da realeza. Quer a coroa sem merecimento. O prêmio sem esforço.<br />Não funciona assim na Noruega, nem na Dinamarca. Nem vai funcionar aqui. Uma sociedade viciada na criação de feudos, com a população lutando pelo espaço, a sobrevivencia e os holofotes. Lembro-me de um conto de Borges no Informe de Brodie que ele dizia que uma certa população estavam a tacar estrumes uns nos outros como meio de comunicação. È mais o menos o nível que há aqui, onde parece que vivemos todos como náufragos lutando por uma boia que pra permanecer existindo tem que ter mais de um nela, mas se morre afogado por que todos querem pegar a bóia sozinho. O naufrágio coletivo é certo.<br />O menino pobre me pergunta.<br />Tio, o senhor vem aqui essa semana trazer o leite?<br />Não, Alonso. Essa semana não tem leite.<br />Assim que a queda de um é a queda de todos, ou ao menos de muitos.<br />A culpa é do governo – vejo muita gente dizer enquanto declina de ajudar seu próximo. Mas o comércio de drogas vende maravilha; assim como o álcool e outras futilidades como músicas ruins. Que tem o governo com isso?<br />Fiquei zangado por que colaboro gratuitamente com sites de vários países , sem ganhar um centavo, e já vi gente dizendo que está me dando uma oportunidade, publicando meus textos. Ora, podem publicar a vontade desde que me dêem os créditos. Mas, por favor, sem esnobação.<br />Nem venham me ensinar filosofias, ou passar-me pito. O Boneco de Deus é um ser esclarecido. Ou coça as verdinhas pra valorizar minha obra ou deixa de papo furado.<br />Preciso levar o leite do Alonso.<br />E por favor, não confundam meus textos com o de escritores medíocres, ainda que muitos deles estejam na mídia mafiosa no meu lugar. Sim, porque nesse país o que é bom a gente esconde e o que é ruim a gente mostra, como dizia aquele ministro. Finalizando, o país tem que andar sozinho, sem contar com a população – essa, imprestável – põe sempre a culpa no governo. Como se fosse possível um governo corrupto com um povo honesto. Contem outra.<br />31.05.06Marcelino Rodriguezhttp://www.blogger.com/profile/02035681318350077548noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-20664032.post-1148402181546122002006-05-23T13:34:00.000-03:002006-05-23T13:36:21.566-03:00<span><strong>O RATO DA NET, A SUA RÁDIO CLANDESTINA </strong></span><br /><span><strong></strong></span><br /><span></span><br /><span>Marcelino Rodriguez </span><br /><span></span><br /><span></span><br /><span>Recebo uma mensagem de gratidão de uma amiga a quem mandei os versos de Adélia Prado, pela rede. Diz-me ela que não conhecia a obra da poetiza mineira; recebo outras mensagens de todo tipo: esotéricas, de carinhos, de conforto, solidariedade, de ciúmes e até promessas de amores, que, realizados ou não, não deixam de ser manifestações da vida. Às vezes também, alguém que não compreende as minhas intenções, na maioria das vezes, nobre, me diz algum desaforo, ao qual acho graça ou revido. E sou gratíssimo a rede por tudo que ela me tem dado: muito mais diamantes que poeira, mais trigo que joio. Nunca gostei muito de aparecer em público e nem que soubessem minhas boas intenções, já que as más ficam sempre em segredo. E acredito que um dos meus sonhos mais recônditos seria fazer um programa de rádio onde eu pudesse fazer exatamente o que estou fazendo pela rede, compartilhando a vida coletiva sem expor-me pessoalmente. Divulgando culturas e maravilhas que descobri ao longo da vida. Dou-me bem com livros, mas atrapalho-me com as pessoas, muitas vezes (ou as atrapalho também). Outras vezes, sou chato porque escrevo e quem escreve sempre tem algo a dizer a mais ou a menos do que sente da vida. Além de querer se vender. Nunca deixa a vida em paz; é um estranho revide! Aqui não, tudo é gratuito, como no projeto inicial de Deus! Espelho da vida, na rede circula de tudo! Altas e baixas vibrações, e nós, internautas, formamos realmente uma comunidade especial e privilegiada, já que muita gente não tem meios de possuí-la ou sequer sabe de sua existência. Às vezes esquecemos que o mundo é grande e pensamos, ainda que breve, que todos gozam desse privilégio que gozamos de sermos internautas. Não!, Deus escolheu-nos, podem acreditar! Somos nós que aqui estamos que devemos aproveitar essa oportunidade para adquirirmos e distribuirmos cultura, informação e entretenimento. Embora mundial, a rede tem de sobra alegrias sul-americanas Que vem da nossa cultura, literatura e comunidades. Aqui na rede podemos voltar a redescobrir nosso continente, que anda esquecido da mídia de massas alienante, pois influenciada pelo mercado hegemônico externo, quase nunca inteligente. Refiro-me aos “Rambos” do norte. Aqui temos certeza que não é a economia que produz qualidade, mas a verdadeira democracia de expressão, do qual a rede é uma maravilhosa pioneira, em todos os sentidos! Tenho deliciado-me redescobrindo nossos autores e valores, nossa história, nossa labutas ideológicas e políticas. Voltei a sentir-me cidadão, pois aqui, bem ou mal, expresso-me e compartilho a vida, com anônimos e conhecidos, todos igualmente queridos. Voltei a sentir-me vivo e gente humana, já que pelas ruas e relações atuais da vida das metrópoles somos todos anônimos e solitários; andamos com pressa e às vezes assustados. Aqui não, estamos protegidos e articulados. Bem, finalizando, de vez em quando eu mandarei, além das mensagens dos outros, também as minhas (mais raramente, pois sou bissexto por princípio). Não precisam dar-me nada por isso; se não gostarem ou estiverem ocupados, deletem-me ou deixem para outra hora. Se quiserem falar ou revidar, por favor, façam também! E confiem em mim! Estou apenas realizando um velho sonho, o de ter um meio que possa falar sem ser visto, como o personagem de um filme que vi uma vez (não lembro o nome), que distribuía esperanças de sua rádio clandestina, localizada na sua cidade em ruínas. Só que ele dizia que “ele era a esperança, que sua cidade era uma maravilha, e com sua tenaz insistência em não aceitar a derrota (ele era meio pirado), acabou servindo de farol para alguém que procurava um sinal de vida fértil na cidade prometida pelo tal radialista”. Uma vizinha disse-me que eu pareço um Rato de Esgoto, mas que ela gosta de mim. Olhei-me no espelho e vi: eu sou realmente parecido com um Rato de Esgoto; maravilha! Mas a partir de hoje, dezesseis horas e trinta e nove minutos, nasce um novo personagem no show business da Net mundial: O Rato da Net! Daqui sairão mensagens para todos que quiserem acolher a esperança de jamais aceitar o esgoto, pois o Rato da Net afirma pra vocês que tem um pacto com as estrelas. E que jamais será vencido! Publicado em Boneco De Deus, 2002 - Luz do Milenio Editora</span><br /><span></span><br /><span>O escritor é euro-brasileiro</span>Marcelino Rodriguezhttp://www.blogger.com/profile/02035681318350077548noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-20664032.post-1147766241314555912006-05-16T04:55:00.000-03:002006-05-21T11:36:27.116-03:00A FALTAEsse texto foi publicado no livro A Ilha, em 1999.<br /><br /><strong>A FALTA</strong><br /><br />Marcelino Rodriguez<br /><br />Tive uma sensação estranha essa manhã, ao acordar; tive um felling, se me permitem usar essa palavra inglesa para definir o sentimento que me tomou. A sensação de que estava me faltando alguém. Ora, sou solteiro há muitos anos, desde que nasci. E minhas namoradas nunca permaneceram mais que quatro dias na minha cama. De modo que acordar sozinho é o meu cotidiano. A alma já era para estar mais que acostumada. Essa manhã, porém, foi diferente. Não houve nem conformismo nem consolo pela clara falta que havia, acrescentada da sensação de vazio mais impo-tência. E veio a melancolia da banda que faltava. Eu poderia até chorar um pouco de saudade pela falta real de alguém que eu sentia, claramente. Descobri, perplexo, que eu sou eu mais alguém que falta. Isso é tão comovedoramente romântico quanto trágico. Quem é ela? Quem é a outra que não acordou comigo hoje? A outra que é minha? Existe alguém no meu coração, na minha vida, na minha alma. Mas não dormimos, infelizmente (minha boca enche de água e deve haver uma atmosfera soturna ao meu redor quando lembro disso, uma es-pécie de sombra pela falta desse pequeno e fatal detalhe amoroso). Seria dela a estranha saudade de hoje? Uma saudade única e comprometedora? De quem dei por falta hoje, ao acordar? De um anjo que não me velou? Um amor de outra vida? Não era apenas um sentimento de solidão. Era como se alguma parte de mim, outra pessoa (não al-guma compensação psicológica) estivesse me faltando e me enfraquecendo, como se faltasse-me um membro com a falta dela. Era como um absurdo eu estar acordando só. Esse acontecimento soa-me sobre a vida deve-ras revelador, tanto como sou mais que penso como de perplexidade de saber que outra vida, que não sei por onde vai, vai levando a minha junto. Só resta sa-ber porque deixa-me, a tantos e tantos anos, acordar impiedosamente só. E por que só hoje dei-me conta dessa saudade infinita? Talvez desde o Éden essa parte de mim esteja apartada. Mas só hoje, verdadeiramente, dei-me conta da sua real e tangível existência. Pode ser que aquela que hoje me toma o cora-ção tenha alguma participação nesse mistério, pois fora dela não há nem o sonho de outra Eva, nem a esperança de outro paraíso. Alguns que se pensam realistas dirão que tive um surto e tentarão até explicar o fato perceptivo com alguma definição psiquiátrica. Outros me acusarão de sonhador, rótulo nem sempre cabível a mim, xerife da selva. Terceiro nem saberão do acontecido, por falta de cultura ou interesse. Mas a realidade que já torna-se prolixa de tão certa é que dei por falta do meu amor, um amor que é mistério e certeza, ainda que temporariamente apartado de mim pelo ilusório tempo e o não menos ilusó-rio espaço, um amor que me faz reconhecer a minha incompletude e faz saber que hora haverá em que as misteriosas leis do universo tra-lo-á de volta a mim, árvore e fruto dessa fatalidade divina.<br /><br />31/08/99.Marcelino Rodriguezhttp://www.blogger.com/profile/02035681318350077548noreply@blogger.com8tag:blogger.com,1999:blog-20664032.post-1147407240966167412006-05-12T01:10:00.000-03:002006-05-21T11:37:35.383-03:00A VINGANÇA DO POPSTARO POPSTAR, A VINGANÇA DO BONECO – O gênio trama a vingança dos (a) inocentes que o ignoraram Marcelino Rodriguez<br /><br /><br />Ontem ao constatar o preço da água mineral Perrier e do legítimo bacalhau norueguês, percebi que o nobel pra mim chegará em boa hora, além de fazer-me refletir sobre as posturas profissionais que deverei adotar tão logo a mídia internacional divulgue meu nome como seu legítimo ganhador.Já me vejo com o prêmio.Minha bela, distinta e nobre figura de “Boneco de Deus” nas rádios, televisões, vídeos, jornais, toques de celulares, walppapers e tudo mais.Um The Best.Penso que vou ficar mais misterioso e silente que de costume. Terei meia dúzia de frases lapidares para as ocasiões. Será realmente uma experiência só comparável aquela que tinha quando namorei uma mau caráter e ela usava e abusava de mim, nos mais variados combates corpo a corpo. Eu adorava perder.Tenho que admitir que caráter a parte, era uma Fêmea fatale.Sei que minha rotina mudará e minhas mídias pessoais terão de ser mudadas, devido ao assédio.Já me imagino escolhendo a secretária, a cozinheira, a roupeira, a escovadeira de dente, a massagista sueca, etc.Comprarei um castelo na Galicia e passarei algumas agradáveis tardes conversando com Saramago sobre a fome no mundo. Doarei dez por cento do premio a uma instituição qualquer , para não me acusarem de egoísta.Tudo isso será bom.Assim como pensar que aqueles que ignoraram meu mega talento ou as que ignoraram minha fome de afeto, se perderão em divãs de arrependimento por não terem reparado que eu também era belo e brilhante antes da Ferrari e de um belo rótulo. Mandar-me-ão escraps, mas não estarei mais aqui. Outros vão querer o livro e o mesmo estará esgotado. Depois que a fortuna vier, minha missão de escrever estará cumprida. Terei ganho a batalha.E os mais carentes poderão viver com a venda da minha imagem, porque o sujeito mesmo vai desaparecer pelos fundos. O mundo não terá dinheiro para pagar meu sossego.Pensem nisso. Ainda é tempo. Caminho a passos largos para o nobel.Agora deixem-me checar se o bacalhau comprado é mesmo da Noruega, afinal de contas comprei sem passaporte e a corrupção anda solta. “Só sabemos o que é bom quando provamos.” (Essa vai ser uma das minhas frases lapidares pós-nobel). E tenho dito.10/05/2006<br /><a href="javascript:doAction("></a><a href="javascript:document.msgForward.submit();"></a>Marcelino Rodriguezhttp://www.blogger.com/profile/02035681318350077548noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-20664032.post-1147262845815928732006-05-10T09:05:00.000-03:002006-05-10T09:07:25.830-03:00VIDA DE SOLDADO<strong>VIDA DE SOLDADO</strong><br /><br /><br />Uma intensa melancolia levava J ao abrigo dos franciscanos, uma dor que ele sabia única. Toda formação da sua alma, na parte mais profunda, era Bíblica. A leitura do Novo Testamento na juventude pusera Jesus como ponto central da sua vida. Com Jesus ele aprendera a exercitar a solidariedade, a viver pensando também na vida futura, além de não fazer questão também de coisas menores. A literatura também o estragara. Era um homem nobre e pagara um preço caro por dar-se ao luxo de cultivar-se e viver entre incautos, gente barbara que detesta cultos e cultura. A frase de Nieztsche em Zaratustra o levava ao mosteiro: “ Tivesse Cristo vivido mais alguns anos, teria mudado sua doutrina”. Essa era a verdade que sentia agora e doer-lhe a alma. Não concordava com o Deus que Cria. Tinha trinta e cinco anos e um desprezo silencioso pela humanidade. Nos últimos dois anos então, a despeito de suas boas intenções e qualidades, não achava nada. Nem amores, nem amigos, nem trabalhos. Não na proporção que o tornasse menos triste. Ainda por cima tinha a pobreza como uma carga, o que o tornava mais vulnerável e nu as gentes. Já tinha sofrido todo tipo de maldade de seus próprios parentes. Lembrava o olhar de desprezo da mãe ao olhar para ele. Que tinha feito? E a rispidez humana? Qual era a finalidade? E a falta de interesse e amor ao criador? A covardia? Olhava as pessoas jogadas no chão e perguntava-se: quem é o responsável? Odiava a brutalidade. Tremia a cada ato de deselegância. Da mais grosseira a mais sutil, sobre tudo a deselegância o incomodava. È feia a raça humana, concluía. Chegava a sentir laivos de desprezo por Deus, por criar tal massa de famintos. Era um Deus mesmo que criava tudo? Com esses pensamentos íntimos, bateu a grande porta do mosteiro. Um jovem Franciscano veio atendê-lo. ´´ Pois não, Senhor” “Procuro o Igor, o líder de Vocês.” “Ah, sim. Pode entrar. Aproveita que estamos comemorando o aniversario de um dos internos. Tomé.” J entrou e viu os franciscanos completamente misturados ao pobres, mendigos, aleijados. Ficou impressionado com o número de mutilados que viu: uns vinte. Todos homens. Um deles, arrastando a cadeira, veio perguntar-lhe se queria uma fatia de bolo. Aquilo o comoveu um pouco. Ao mesmo tempo ficou chocado com tanta pobreza. Os banheiros eram coletivos e abertos. Foi vendo com Igor outros internos. Havia em quase todos internos uma ferida, uma chaga aberta. Muitos fumavam. J pensou que estaria aprendendo ali, naquele lugar. “Igor, se importa de conversar comigo um pouco?” “Não, claro”. “ Bem. Ouvi falar do trabalho de Voces , achei bonito, nobre, mas ando com um questionamento profundo, uma angústia grande em relação a minha fé. “ “Como assim?” “ Creio em Jesus. Mas não creio que o homem deva ser salvo. Os homens são ruins. Não acho boa coisa salvar a humanidade. Acho inútil. ” Igor olhou J de modo estranho... “ Você não tem amor?” “Tenho. Esse é o problema. Não me falta amor. E aqui estou, cheio de amor e sem nada, nem ninguém. Não aproveitaram meu amor. “ “Como dizia Francisco: o amor não é amado.” “Por que Voce faz esse trabalho?” “Vocação, acho” “Pois é. Teve um tempo que até pensei em ser padre, depois monge. Mas o mundo desviou-me. Hoje creio ainda na mensagem, que Jesus é o Messias, mas não creio na salvação dos homens. Eu não os salvaria. Igor, posso te pedir uma coisa? “ “Sim”. “Posso dormir aqui?” Igor olhou em volta, pensou. “ Você não tem onde dormir?” “Tenho. Mas não estou bem. Quero sentir essa experiência. “ J pensou na hesitação de Igor que até um mosteiro tem sua porção de má-vontade. Será que ele vai mandar-me embora agora, alta noite? “Lá em cima tem um saco de dormir sobrando. Boa noite.” J dirigiu-se a parte superior do mosteiro, enquanto via aos poucos as luzes de baixo, - onde ficava a maioria dos pobres e mutilados -, se apagando. Ali estava ele, sem nada. Pedindo asilo aos pobres. Pensou abandonado entre as cobertas se Deus não seria ou não queria apenas aquele abandono, aquela pureza, aquela entrega ao nada infinito. Na manhã seguinte, J olhou do parapeito do segundo andar e viu os monges vestidos de Francisco misturados com os pobres, compondo um cenário digno de idade média. Perguntou-se em que tempo se sentia. Ou estava. Dirigiu-se ao refeitório, onde os cinco jovens monjes de não mais de dezoito anos distribuíam-se nas tarefas. Igor já havia saído. Não era santo nem pobre o suficiente para ficar. Levou dois monges ao ponto, pagou a passagem de um deles e vinha olhando o mundo dos homens pela janela. “Que tipo de soldado sem causa sou?” – ia pensando, enquanto as paisagens sucediam-se entre prédios de concreto e fumaça negra. 19.10.2005.<br /><br />Direitos ReservadosMarcelino Rodriguezhttp://www.blogger.com/profile/02035681318350077548noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-20664032.post-1147130484517005442006-05-08T20:18:00.000-03:002006-05-09T23:14:07.643-03:00MAR DO LEME<strong>Texto publicado no livro A ILHA, em 1999.</strong><br /><strong></strong><br /><strong>MAR DO LEME </strong><br /><br />Na tarde nublada, dois amigos conversavam sentados num banco do calçadão do Leme, olhando o mar. Era frio. — Jacques, já aconteceu isso contigo também, ser abandonado na hora mais imprevista, na hora que você mais precisava da mulher, sem mais nem menos? — Já, rapaz. Isso é mais comum do que a gente pensa. — Dá pra me contar; preciso acreditar que alguém já passou por isso. Ficar sem nada. — Bem, eu havia deixado a carreira militar, fiquei desempregado, gostava muito dela. De repente, ela chegou pra mim, falou que eu estava atrapalhando. — Atrapalhando? — É. Que ela tinha que estudar... Eu falei: não, mais você não pode me deixar agora... Como tu vê, Carlos, parece que elas escolhem a pior hora... — Você ficou mal, né? — Pensa que é só contigo, meu caro. — Carlos acabara de ser dispensado pela garota. Não tinha mais recursos humanos que o amigo, além da sua dor. Já tinha duas horas que estavam olhando o mar, conversando o mesmo assunto e tentando entender porque ele fora dispensado. Relembrava o quanto ficou mal ao vê-la partir. Tinha ímpetos absurdos de fazer voltar o tempo e tentar convencê-la do contrário. Começara a chover fino. — Jacques, vou te dizer uma coisa. Nem Deus eu perdôo. Não há nada que vai fazer isso passar. Não vou esquecer nunca. Só ela, mais ninguém pode consertar, você entende? — É. Eu sei. — Vamos tomar um café? — Vamos. Depois de tomar o Café, Carlos dirigiu-se ao ônibus e ficou olhando o amigo partir. Sabia que ele entendera. Era bom ter um amigo.<br />Era o que lhe restava. 7/1999.Marcelino Rodriguezhttp://www.blogger.com/profile/02035681318350077548noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-20664032.post-1146937752454444072006-05-06T14:46:00.000-03:002006-05-07T11:13:45.020-03:00O MILAGREO MILAGRE<br /><br />Era recém - casada e começava a sentir o peso do cotidiano. Aquele dia igual, a casa silenciosa, o marido que molhava sua toalha ao tomar banho, tudo aquilo fazia com tivesse crises de angustia. A insatisfação era notória no seu rosto. Passou assim a primeira semana, pensando em fugir, em anular o casamento. Também a Segunda semana, onde a casa pequena, os afazeres domésticos, o apartamento de fundos, tudo a fazia ter sentimentos contraditórios com aquele que casara. Tinha saudades do tempo que vivia só para si, na casa dos pais, com a mesa posta e a casa arrumada sem que tivesse que dispender maiores esforços. Na terceira semana, porem, começou ver as mesmas cenas de modo diferente: a janela, a mesa que arrumava religiosamente, a comida que fazia, o sono inocente do marido, os caminhos do bairro, tudo parecia determinado e escrito para ela, como um novo corpo. Tomava banho com mais graça, pintava as unhas, ia no cabeleleiro, sentia ciúmes, cuidava de cada detalhe da casa com denodo. Lembrava com prazer trechos do que já fora vivido e ,a noite, entregava-se com êxtase. Aquele homem fora como um Deus na sua vida, mudando todos os seus planos, inclusive as partes recônditas da sua alma. Numa manha, quando o marido dera uma saída, foi que percebeu, pela primeira vez ao ver um passaro na janela, que seus olhos haviam mudado. Nunca olhara um passaro daquele jeito, como se ele fosse uma revelação metafísica. Onde seria seu ninho? Por que pousara na sua janela? Sim, agora ela percebera o milagre que lhe acontecera. Não adiantava rebelar-se com o criador. E entendeu o provérbio bíblico pela primeira vez com toda intensidade: “macho e fêmea vos criou”. Rezou a Deus em silencio, como só as mulheres sabem fazer, pedindo para que aquele homem nunca a abandonasse. Havia percebido ser inteira... 19/01/2003<br /><br />Direitos Reservados.Marcelino Rodriguezhttp://www.blogger.com/profile/02035681318350077548noreply@blogger.com2